Não deixe esse filme passar. Ainda mais porque, ao que parece, ele não será distribuído. Reitero o que tinha falado em outro post: este é um filme que foge de definições simplistas. Não é um romance, não é uma comédia de costumes, não é um documentário. É, na verdade, tudo isso junto, realizado de maneira bastante fluida. Mesmo que o drama de Asa, o protagonista, não te afete, é praticamente impossível que este filme não te toque de alguma maneira. Ele é todo uma seqüência de personagens interessantes e complexos que, mesmo quando ausentes, deixam na sua falta uma marca forte. Feito pelo talentoso diretor cazaque Sergei Dvortsevoy, é uma das grandes unanimidades daqueles que o assistiram e merecedor de todos os prêmios que ganhou.
Asa retorna ao bando nômade onde vive sua irmã, em meio à estepe, depois de servir ao exército. Seu desejo é se tornar pastor, mas a regra é que para ganhar seu próprio rebanho, ele deve se casar. A única mulher solteira que conhece é Tulpan e será uma tarefa árdua conquistá-la. Nosso protagonista é um pouco desajeitado, não tem muito talento para pastor, tem orelhas de abano e é bastante inseguro e sensível. Este é o mote inicial do filme, que se desenvolve abrindo para diversos outros dramas. As ovelhas grávidas – cenas de forte caráter simbólico -, a menina que é impedida de cantar – grande personagem que protagoniza cenas muito bonitas – e até um camelo que segue, por milhares de quilômetros, outro camelo doente que é levado pelo veterinário. Faz grande uso do plano-seqüência em cenas de naturalismo e poesia. É um grande filme sobre temas universais.
Tempestades de areia, crianças travessas, cachorros, jumentos e música pop norte-americana completam este filme cômico-contemplativo que, talvez, possa ser definido como uma obra sobre homens e animais.
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Em cartaz no XI FIC Brasília, Academia de Tênis José Farani
“Tulpan”, de Sergei Dvortsevoy, 100 minutos
Sessões: dia 13 de novembro às 19:10h e dia 14 de novembro às 19:40h
[Update, 16/11: “Tulpan” foi um dos grandes vencedores do XI FIC! Prêmio bastante merecido. Para quem não assistiu, por causa da premiação, o filme certamente entrará em cartaz nos cinemas da Academia de Tênis José Farani.]
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